20/03/2012

Urbs admite que pode precisar de ajuda para bancar tarifa de ônibus em Curitiba


Com o novo reajuste, subsídio mensal é de R$ 4,9 milhões. Autarquia vai tentar outras fontes de recursos para não depender da Prefeitura e do Estado
Ônibus em Curitiba. Depois do aumento da tarifa na RIT – Rede Integrada de Transporte que serve Curitiba e região metropolitana, a Urbs, gerenciadora do sistema, teve de aumentar os subsídios pagos às empresas, justamente pela diferença entre a tarifa técnica, que é de R$ 2,79 e a cobrada dos passageiros, no valor dce R$ 2,60. Os subsídios mensais são de R$ 4,9 milhões e a Urbs admite que futuramente pode vir a precisar de auxílio da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Estado para manter equilibrado o sistema. Foto: Adamo Bazani
A Urbs – Urbanização de Curitiba S.A., empresa responsável pelo gerenciamento dos transportes da capital paranaense e da região metropolitana, admitiu que pode vir a precisar de ajuda da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Estado do Paraná para subsidiar a tarifa de ônibus urbano e metropolitano que em 05 de março deste ano passou de R$ 2,50 para R$ 2,60 para o passageiro.
Ocorre que os R$ 2,60 são referentes ao que os usuários pagam. O custo por passageiro, no último reajuste, foi calculado em R$ 2,79, que é a tarifa técnica.
Essa diferença de R$ 0,19 é bancada pela Urbs que por mês repassa às empresas de ônibus R$ 4,9 milhões como complemento dos custos.
Quando a tarifa para o passageiro era de R$ 2,50 a tarifa técnica era de R$ 2,56. Os R$ 0,06 de diferença também eram assumidos pela Urbs.
Com o subsídio agora maior, a Urbanização de Curitiba S.A. diz que por enquanto, ainda é possível fazer os repasses para as empresas. Mas não sabe até quando.
As receitas das passagens compradas antecipadamente, por cartão eletrônico, são a principal fonte de recursos para este subsídio. A Urbs espera que entre mais dinheiro para ajudar no financiamento da diferença da tarifa por receitas de publicidade nas TVs que serão instaladas em ônibus e terminais em Curitiba e região Metropolitana, que exibirão uma programação para os passageiros. Mas o serviço ainda precisa ser licitado.
QUESTÃO DE JUSTIÇA:
Em entrevista à jornalista Joyce Carvalho, do portal Paraná On Line, o diretor de transportes da Urbs, Antônio Carlos Araújo, disse que se faltar dinheiro à autarquia seria uma questão de justiça para com o passageiro que a Prefeitura e o Governo do Estado injetassem recursos para cobrirem a diferença entre a tarifa técnica, que é o custo real e é maior, e a tarifa para o passageiro.
“Neste ano, vamos fazer o mesmo até onde der. Se na frente faltar recurso, nada mais justo que ambos coloquem o recurso necessário” – disse Antônio Carlos Araújo.
A Prefeitura de Curitiba contrata os serviços municipais e os metropolitanos são de responsabilidade do Governo do Estado. Os dois serviços, operados por empresas particulares, são submetidos a Urbs que, entre outras atribuições, administra a RIT – Rede Integrada de Transporte.
A RIT é considerada modelo de transportes inclusive para o exterior e é a maior integração tarifária de todo o País. Por R$ 2,60, é possível usar vários ônibus e linhas por tempo indeterminado. São Paulo e no Rio de Janeiro permitem integração entre os ônibus e outros meios de transporte, como trem ou metrô, mas limitam o tempo de transferência. Em Curitiba não há linha de trem urbano e de metrô.
As integrações são feitas nos terminais ou em qualquer altura das linhas nas estações-tubo, que oferecem vantagens como embarque do passageiro no mesmo nível do assoalho do ônibus, não havendo necessidade de degraus no veículo para as operações nestas estações, espera pelo veículo em local que protege do sol e da chuva e pré-embarque, que é o pagamento da passagem antes de entrar no ônibus, o que reduz o tempo de parada dos veículos.
Uma boa parte da RIT é atendida por corredores de ônibus exclusivos, segregados do trânsito comum, do tipo BRT – Bus Rapid Transit. O sistema também conta com modelos biarticulados, como o Neobus Mega BRT, considerado o maior ônibus do mundo, com 28 metros de comprimento.
COMPOSIÇÃO DOS CUSTOS DA TARIFA EM CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA:
Para chegar à definição da tarifa técnica, a Urbs, juntamente com as empresas de ônibus que apresentam seus custos, analisa uma série de planilhas composta por fatores de maior relevância no custo de operação e administração do sistema.
Os valores já levam em consideração o reajuste de 10,5% nos salários dos motoristas e cobradores, abono de R$ 300 em junho e aumento de R$ 105 para R$ 200 no vale-refeição da categoria, que ficou em greve entre os dias 14 e 15 de fevereiro.
Os itens que mais pesam de acordo com a Urbs são:
- PESSOAL, ENCARGOS SOCIAIS E BENEFÍCIOS: 45,3%
- COMBUSTÍVEL E LUBRICANTES: 15,94%
- RENTABILIDADE JUSTA: 10,21%
- IMPOSTOS E TAXAS: 8,94%
- AMORTIZAÇÃO: 7,14%
- PEÇAS E ACESSÓRIOS: 6,15%
- CUSTO DE ADMINISTRAÇÃO: 5%
- CUSTO DE RODAGEM: 1,96%
A planilha é contestada por órgãos como o Dieese – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio- Econômicos.
Para o órgão, a planilha pode estar desatualizada. Hoje, por exemplo, o peso da compra de ônibus novos é maior que no passado, por conta das novas tecnologias e mais equipamentos modernos que deixam os veículos mais caros. No entanto, estas mesmas tecnologias permitem com que os ônibus consumam menos.
A Urbs diz que atualiza a planilha de acordo com a realidade do momento. Os custos dos combustíveis e lubrificantes tiveram queda de 0,6637%. Já o impacto dos salários subiu de 42% para 45,3% no sistema.
DEMANDA ABAIXO DO ESPERADO:
A Urbs também tem registrado uma queda na demanda de passageiros no sistema, o que deixa as tarifas unitárias mais caras, já que um dos cálculos leva em consideração justamente a razão entre o número de pessoas transportadas e os custos operacionais.
A demanda teve uma queda mensal de 100 mil passageiros passando de 25,8 milhões de usuários para 25,7 milhões.
Se a demanda aumentasse ou se mantivesse, de acordo com a Urbs, a relação para o cálculo seria melhor além de aumentar o fluxo em caixa.
Prefeitura de Curitiba e Governo do Estado não se manifestaram sobre a possibilidade de futuramente ajudarem no subsídio dos transportes coletivos.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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